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Biorremediação: definição, técnicas e aplicações

O gerenciamento de áreas contaminadas é um tema que envolve diversas ciências e profissionais de diferentes formações como as geociências, engenharias, química, saúde, biologia e direito. O entendimento e contribuição de todos estes ramos, entre outros, são imprescindíveis no gerenciamento e reabilitação de uma área contaminada.

Notadamente, na condução de um processo de gestão de uma área contaminada, a etapa de remediação é vista com muita atenção, principalmente no que se refere a mitigar ou eliminar riscos por meio de múltiplas técnicas sem causar ou gerar cenários de risco semelhantes ou ainda piores do que já existem. Esta prudência é tomada uma vez que as técnicas utilizadas por vezes se utilizam de produtos químicos e soluções que podem ser nocivas quando mal administradas.

Em tempos de sustentabilidade, ESG e iniciativas que estejam em sinergia com o meio ambiente, uma técnica que se encaixa neste contexto e tem despertado interesse no mercado é a biorremediação, onde os microorganismos do próprio local ou externos, com o apoio de estímulos, são os responsáveis ou geram fortes contribuições na remediação de uma área contaminada.

Entenda neste conteúdo o conceito de biorremediação, quais são as principais técnicas existentes, as aplicações e o que se espera dessa abordagem para o futuro!

Definição de biorremediação

Segundo pesquisadores da UNIFESP entende-se por biorremediação o uso de processos biológicos para degradar, transformar e/ou remover contaminantes de uma matriz ambiental, seja ela água ou solo.

O processo de biorremediação ocorre de modo natural ou estimulado pela ação de bactérias, fungos e plantas, onde os processos metabólicos destes organismos (Figura 1) conseguem utilizar os contaminantes, principalmente os orgânicos, como fonte de carbono e energia.

De modo a avaliar e entender os processos metabólicos, quais tipos são favoráveis à degradação de cada contaminante, bem como a aplicabilidade de cada organismo em diferentes locais diversas técnicas aplicadas e fomentadas em universidades e laboratórios, conforme é detalhada a seguir:

Técnicas de biorremediação

As técnicas direcionadas a biorremediação podem ser dividas em tratamentos in situ (no local) e ex situ (fora do local):

Técnicas in situ:

  • Biorremediação natural (atenuação natural);
  • Bioestimulação;
  • Bioaumentação;
  • Fitorremediação (Figura 2);

Por não ter a necessidade de remoção e transporte do material contaminado, esta técnica confere menor risco associado a exposição de trabalhadores que atuariam na área de remoção e apresenta uma redução de custos de manejo e destinação do material à ser descartado.

Figura 2 – Mecanismos de estabilização ou mobilização de contaminantes na fitorremediação. Fonte: Adaptado de Demarco (2016).

Técnicas ex situ:

  • Compostagem;
  • Uso de reatores;
  • Landfarming;
  • Biossorção.

As técnicas que envolvem a retirada do material contaminado e tratamento em outro local são viáveis, mas apresentam, em contrapartida, riscos de contaminação de novas localidades e expõe também os trabalhadores envolvidos nas obras civis de remoção.

Além das técnicas supracitadas, para avaliação de efetividade e análise durante o processo de remediação existem também procedimentos avançados que são utilizados para o monitoramento e detalhamento das técnicas de biorremediação como:

  • Análises moleculares (metabarcoding);
  • Fingerprint genético;
  • Bioensaios de toxicidade aguda e crônica (Figura 4);
  • Respirometria (microcosmos).
Figura 4 – Demonstração de ensaio de toxicidade crônica utilizando Daphnia magna. Legenda: em (A) organismos adultos; Em (B): organismos neonatos (nascidos em até 24 h). Fonte: Matsubara (2018).

Aplicações

Segundo dados do SIGAM/SIACR (2023), das técnicas de remediação já utilizadas para o gerenciamento de áreas contaminadas cadastradas, cerca de 1,4% utilizaram técnicas de biorremediação, ainda que esta técnica apresente grande potencial de aplicação, ainda é utilizada de modo incipiente.

Levando em conta os tipos de contaminantes ou produtos químicos, as quais as pesquisas e trabalhos realizados trazem bons resultados para aplicação de biorremediação, é possível citar:

Perspectivas futuras

Tendo em vista a aplicabilidade deste tipo de técnica, mirando sintonizar com as linhas de pensamento mais favoráveis a políticas ambientais, novas normas e diretrizes tem sido criadas para regulamentar e fomentar o uso das técnicas de biorremediação e produtos biorremediadores.

Estas regulamentações trazem ainda conceitos e definições que pretendem auxiliar na regulamentação e aplicação seguro de microorganismos ou produtos que contenham organismos em sua composição na remediação de áreas contaminadas.


Além dos tópicos abordados, deixamos alguns conteúdos extras aqui:

Site Clu-in

https://clu-in.org/greenremediation/docs/GR_factsheet_biorem_32410.pdf

https://clu-in.org/download/techfocus/chemox/Inject-amend-tr-navfac-exwc-ev-1303.pdf

Referências Utilizadas e Consultadas:

DEMARCO, C. F. Seleção de macrófitas aquáticas com potencial de fitorremediação no arroio Santa Bárbara, município de Pelotas/RS. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro de Engenharias, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2016.

ECYCLE. O que é biorremediação e quais seus princípios?. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/biorremediacao/. Acesso em: 20/01/2023.

EMBRAPA. Biorremediação. Disponível em: https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/tematicas/agricultura-e-meio-ambiente/manejo/biodegradacao/biorremediacao. Acesso em: 20/01/2023.

JERÔNIMO, C. E. M., KITZINGER, W. G. C. M.  Dimensionamento de um landfarming para tratamento de borras oleosas utilizando critérios de um reator batelada. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental – REGET, Santa Maria, v.18, n.3, p. 1273-128, 2014.

MATSUBARA, M. E. Remoção do antibiótico amoxicilina por biorreator com membrana operado em regime de pré-desnitrificação: Avaliação de desempenho, identificação de subprodutos e análises ecotoxicológicas. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental) – Centro de Engenharias, Universidade Federal do ABC, Santo André, 2018.

UNIFESP. Biorremediação. Disponível em: https://www.unifesp.br/campus/san7/ppgbb-linhas-de-pesquisa/579-ppgbb-biorremediacao#:~:text=A%20biorremedia%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20definida%20como,ambiental%2C%20como%20%C3%A1gua%20ou%20solo. Acesso em: 20/01/2023.

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